segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Da inexistência da morte


Do Sonho de Ícaro ao Ônibus Espacial; da necessidade primitiva de se comunicar à distância ao celular; da invenção da vela à lâmpada que espanta as trevas; da necessidade de medir o tempo aos relógios digitais, em tudo isso e muito mais, o que podemos testemunhar? Que tudo é continuação do que foi preparado anteriormente, ou seja, o que temos hoje nada mais é que o desenvolvimento do que já existia em estado de germe. Que o futuro não passa de uma continuação do passado.

Notem que a semente contém a gênese de todos os caracteres adquiridos e a possibilidade de se recriar, voltar a se realizar e se desenvolver noutros tempos e noutras circunstâncias. Gilberto Gil sabiamente diz que “tem que morrer pra germinar” e nosso papel é mais uma vez resignificar a morte, porque o espírito, a alma, a ideia, a energia, a construção, a revolução, o movimento, a emoção não se findam com a morte física. Tudo o que foi, é e será vivido, pensado e criado por nós se constituirá propriedade cósmica do universo e germinará.

Pensemos agora num Tsunami. Tudo começa com um abalo sísmico e depois vira dilúvio. Pois bem, o Tsunami tem uma vontade própria de penetração, um desejo de permanecer em sua forma e de continuar em sua trajetória como qualquer um de nós. Só que essa vontade também se esgota, porque como nós, ele nasce, vive e morre. Ele sabe contornar os obstáculos, conhece a lei do mínimo esforço para cumprir o seu destino, reconhece as resistências, luta com elas e desgasta-se... Cansa-se no esforço e extingue-se. Morre, restitui ao ambiente o material físico que o constitui e sua energia anterior, mas todos sabemos que suas marcas nefastas ficam e que todo o movimento de solidariedade, superação e reconstrução também é um desdobramento espiritual da sua existência física.

Ao evoluir, o principio vorticoso se reforçará e não se perderá com a morte, mas será reabsorvido no campo dinâmico do ambiente e sobreviverá. A morte física é incapaz de anular o principio que nos anima. Ainda que nosso corpo morra, o germe de nosso trabalho, a potência de nossas sementes, permanecerá em forma de energia. O Espírito é imperecível e conduzirá cada semente ao estado de fruto. Como canalizei o pensamento de Maci Barbosa em “PELA JANELA, a História de uma Sacerdotisa”: mesmo quando esse corpo expirar essa alma, cansado de tanto Amor, de tanta Paixão e de tanta Luta; mesmo quando esse corpo abençoado e perfeito morrer e virar cinzas; mesmo quando meus cristais forem devolvidos à Mãe Terra e passarem a compor novas matérias; mesmo quando minha presença física se tornar ausente para sempre e outras pessoas amantes, apaixonadas e lutadoras venham a tocar a Obra da qual me fiz canal; mesmo quando tudo isso acontecer, serei eterna porque meu Espírito estará em toda parte e nada do que terei feito, terá sido em vão. Nada do que terei vivido ficará sem proveito.

Do Sonho de Ícaro ao Ônibus Espacial; da necessidade primitiva de se comunicar à distância ao celular; da invenção da vela à lâmpada que espanta as trevas; da necessidade de medir o tempo aos relógios digitais, em tudo isso e muito mais, o que podemos testemunhar? Que tudo é continuação do que foi preparado anteriormente, ou seja, o que temos hoje nada mais é que o desenvolvimento do que já existia em estado de germe. Que o futuro não passa de uma continuação do passado. Que a morte não passa de uma ilusão.

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