No costurar de cada ponto de um corte
Na equação precisa das empadas
Na tessitura matemática de um texto
Na incongruência sistemática da paixão
Na busca incessante pela entorpecência
Está o Átomo.
Na imprevisibilidade alucinante da aurora
Na crueldade subjacente das vítimas
Na potência traumática dos algozes
Na função pedagógica da dor
No alívio mortal do crepúsculo
Está o Átomo.
Na loucura mística dos cientistas
Na exatidão do pulo felino
Na desordem homérica do trânsito
Na claridade torturante da verdade
Na lógica obsessiva dos místicos
Está o Átomo.
No êxtase pagão das virgens
Na santidade cristã das putas
Nos membros eretos dos garanhões
Na voz maviosa dos eunucos
Na multidimensionalidade genérica
Está o Átomo.
Na revanche esperada dos oprimidos
Na queda sonhada dos opressores
Na caduquice inexorável de toda revolução
Na vanguarda dos novos motins
No ciclo interminável da glória e do fracasso
Está o Átomo.
Na cosmogonia psicodélica de Lúcifer
No autoritarismo abusivo de Jeová
Nas renúncias manipuladoras de Merlim
Na devoção ensandecida de Morgana
Na mensagem imensurável de Exu
Está o Átomo.
No Ebó
Na Hóstia
Na Torá
No Corão
No Sabá
No Johrei
Na Unção
Na Sutra
No Vibuthi
No Oaska
Está o Átomo
No ego ferido de Salomé
Na cabeça cortada de João
Na loucura apaixonante do Cristo
No vaso de alabastro de Maria Madalena
Na ponta da língua de Einstein
Está o Átomo
E neste
Deus se senta
De cócoras.
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