domingo, 26 de dezembro de 2010

Sete Ciganos - 18

Sofia vai à feira livre e pergunta a algumas pessoas por Shalom Carín. Umas dizem que ele viajou; outras nunca ouviram falar dele; umas que ele fez uma viagem curta e voltaria dentro de uma semana e outras que ele fora embora. Concretamente, ninguém sabia seu paradeiro, mas intuitivamente, Sofia sabia que ele voltaria para aquela cidade e então iria conhecê-lo e certificar-se se ele era o pai de Gilberto... Mal sabia a cigana da surpresa que a aguardava.

Decidiu almoçar na feira mesmo e entrou num bar e restaurante chamado “Meu Canto”. Foi atendida por um homem moreno e corpulento de sorriso largo e agradável:

- Pois não, senhora.

- Boa tarde, amigo, quero um prato feito e uma cerveja.

- Só tenho em lata.

- Para mim está ótimo!

- É pra já.

Ela aguarda o pedido e observa o lugar, enquanto também é observada pelos presentes.

O homem amável atende seu pedido e conquista-lhe a simpatia:

- Me chame se precisar de qualquer coisa.

- Obrigada, como se chama?

- Patrício.

- Patrício, meu nome é Sofia. Prazer em conhecê-lo.

- O prazer é meu. Não é todo dia que recebo uma visita tão ilustre e tão bela no meu estabelecimento.

- Seus galanteios são muito elegantes!

- Eles se nivelam com o motivo.

- Você conhece Shalom Carín?

- O cigano?! Claro que conheço. É meu amigo.

- Eu preciso encontrá-lo, Patrício.

- Ele viajou, mas amanhã estará de volta.

- Sabe que horas ele chega?

- Não... Mas me dê seu endereço que eu digo a ele para procurá-la.

- Estou no Hotel Amargosa, apartamento 101. Fale para ele que pode chegar a qualquer hora, que estarei pronta para recebê-lo. Que Santa Sara lhe abençoe, Patrício!

- Amém, cigana!

Patrício sente um arrepio e se retira impressionado com a energia da mulher.

Saindo da feira, ela passa novamente na casa de Tânia. Romeu está calmo, vendo televisão. As duas se sentam na cozinha:

- Ele me disse que você é um anjo, Sofia. Que viu asas nas suas costas e sua cabeça toda iluminada.

- Precisamos levá-lo a um médico, Tânia.

- Eu quero ir ao médico – Romeu entra na cozinha surpreendendo as duas. – Sei que sou doente e quero ficar bem – ele se senta com elas. – Quando as vozes vêm, é incontrolável, mas hoje você, meu anjo, me mostrou que posso viver bem. Eu quero me cuidar.

- Fico feliz com sua decisão, Romeu.

- Onde estão suas asas? Eu vi naquela hora!

- Eu às vezes as escondo. Não conte a ninguém que as viu... As pessoas não entendem – Sofia brinca.

- Será um segredo nosso.

- Combinado.

No dia seguinte, Sofia desperta ansiosa. Não vê a hora de encontrar-se com Shalom Carín. E se ele não for quem está procurando? Impossível! O nome não é comum. Por que Shalom? É mesmo o nome dele? Será um homem de paz? Por que está sentindo essa comoção? O que a espera?


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