sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sete Ciganos - 81


Mais tarde os ciganos chegam ao circo e Diego prende o filho num trailer. Rosita fica com o menino, que calmamente aceita a imposição paterna, mas tem algo em mente.
- Bom dia, Sr. Diego! – Saúda-o o padre.
- Como vai, padre Altino? – Diego o recebe com cara de poucos amigos e olha atravessado para os ciganos.
- Esses são meus amigos – Altino lhe mostra os ciganos e está sem jeito.
- Hum! O que deseja, padre? – Pergunta-lhe o dono do circo a ponto de explodir.
- Meu nome é Pedro – Pedro estende a mão para Diego e ele o deixa no ar. O cigano recolhe a mão sem graça – e queremos conhecer seu filho.
- Ele não está. Para que vocês querem conhecê-lo?
- Porque ele nos interessa – responde Pedro com segurança – e você sabe disso, Diego.
- Escutem aqui, seus ciganos de merda: fiquem longe do meu circo, fiquem longe da minha vida e do meu filho. Não gosto de vocês. Vocês não são bem-vindos. Deem o fora daqui e não voltem jamais.
- Não dificulte as coisas, Dom Diego – adverte Sofia.
- Sumam daqui ou eu chamo a policia.
- Não precisa, senhor – diz Zenaide – Nós vamos em paz, mas ainda nos encontraremos. Esteja certo disso.
- Que o diabo os carregue!
- Ele já carrega – vocifera Antonio – e posso lhe assegurar que cuida bem de nós.
Sâmia abraça o marido contendo-o.

À noite, Daniel se encontra com os ciganos no mundo astral:
Os cinco são conduzidos por Zenaide a uma cabana. Sentam-se em círculo. Uma leve fragrância de canela perfuma o ambiente. Na frente de cada cigano há uma vela acesa e um mineral.
Instantes após, um corvo entra no recinto e sobrevoa os ciganos e pousa no local que estava vazio, diante de uma vela amarela e um topázio. Os seis já tiveram esse sonho antes e sentem-se felizes.
O corvo se transforma em Daniel. Ele dá uma gostosa gargalhada e contagia a todos. Em seguida, cumprimenta a cada um com um abraço e um beijo cheios de carinho e senta-se em seu lugar:
- Perdoem a forma possessiva que meu pai usa para me amar. O que ele não conta é que meu destino é maior do que qualquer prisão e que nenhuma porta, tranca, algema, corrente ou cadeado poderá me impedir de cumprí-lo. Eu compreendo o apego dele e sou muito grato por ele e minha mãe terem me adotado. Eu os amo também, e muito, mas sei que o verdadeiro amor liberta, dá asas, e é pelo amor que vamos dobrá-lo e seguiremos nossa trilha de volta.
- É muito bom estar com você! – Diz Sofia emocionada – Mas devo confessar que penso na dificuldade que vai ser convencer Dom Diego da nossa partida.
- Saberemos conduzir isso, doce Sofia. Nosso tempo aqui está se concluindo – fala Daniel e sorri.
- É encantadora a forma que você se expressa, Daniel! – Fala Shalom – Tão maduro e com uma aura tão infantil...
- Não permita que sua criança interna morra, Shalom. Jamais!
- Você tem alguma orientação para nos dar, ciganinho? – Pergunta Pedro.
- Amanhã é dia de espetáculo, vovô Pedro. Vai ser bom se vocês forem e eu darei um jeito de me encontrar com vocês.
- Não acha arriscado, criança? – Questiona Sâmia.
- E onde não há risco, cigana Sâmia? – Daniel sorri para ela – Ou a gente encara, ou não vamos sair do lugar.
- Quando partiremos, Daniel? – Indaga Zenaide.
- Dia 20, no Equinócio de Outono, vovó.
- Temos então 13 dias! – Sofia se surpreende.
- Não se assuste – Daniel acaricia o rosto de Sofia – Confiem em mim. Vai dar tudo certo.
Em seguida, outros ciganos que viajam pelo astral se aproximam da cabana, os sete saem e dá-se uma grande festa de reencontro e amizade.

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