Tenho uma tendência obsessiva por sequências – ora sou um romancista – e meu post “Quando a morte ronda” não poderia deixar de ter uma continuação, já que não creio em conclusões definitivas. Amo o final da delicada película “A Excêntrica Família de Antonia” quando a narradora finaliza a história dizendo que “nada se conclui”. Pois bem, deixemos de delongas e falemos mais uma vez sobre um dos meus temas prediletos: A Morte.
Tenho uma relação muito íntima com ela – sempre tive – por me sentir um tanto inadaptado à vida terrena (Banzo Existencial). Quiçá eu tenha até sido em outra vida algum poeta da segunda geração do Romantismo, incapaz de encarar a vida real e desesperado para fugir dela através do beijo da Dama da Foice... - Nada pretensioso da minha parte (risos) – o fato é que a morte me atrai e não vejo nada de funesto nisso. Em meio a essa vida sem bússola, porque “Viver não é preciso” enquanto “Navegar” o é, morrer é o que há de mais concreto e quem for maluco(a) me prove o contrário.
Quero falar agora de Celeste – mais outra pessoa bonita chegada a mim que achou de dar o zig. - E aproveitando, falarei também de amizade, fidelidade e outras coisas que me fazem encher os olhos desse liquido familiar que jorra toda vez que a gente sente. Tô mexido!... Lembro-me de Celeste (Tia Cel) debruçada na janela, sua Torre de Observação, atenta a tudo. A destemida Vênus! Sob seu olhar vigilante, eu, Mel (seu afilhado, filho e um dos meus melhores cúmplices), Paty (também uma das minhas melhores cúmplices) vivíamos nossos delírios musicais, sexuais e psicodélicos. Ela jamais nos reprimiu, mas nos vigiava para que nada de chato nos acontecesse. Sua comida também era deliciosa (como a do meu amigo Dão que também deu o zig há pouco tempo) e ela sempre nos recebia com caldeirões de feijão, saladas suntuosas, postas de carne suculentas, arroz bonito e etc – põe etc nisso!!! – Tia Cel nos protegia no seu amor rigoroso ou rigor amoroso e sua presença enchia qualquer canto, sua risada afastava meus pensamentos sorumbáticos e seu olhar... Era mágico sim.
Tia Cel deu o zig. Foi fazer comida gostosa em outra dimensão com Dão. E Lice deve estar se deliciando com eles. (Vide “Quando a morte ronda” neste blog). E o que me move a escrever isso agora não se trata de uma discussão profunda sobre o falecer, mas sobre o efeito positivo que isso traz em nossas vidas – nós que ainda não demos o zig.
Eu, Mel e Paty estamos unidos há muitos anos. Somos amigos. Somos irmãos. Somos uns pelos outros. Entre nós cabe todo tipo de esculhambação, desonra, grosseria e sacanagem, mas ai de quem fora desse trio ousar tocar um dedo em um de nós... – Virará estátua de sal, meu bem – Porque também nos amamos desesperadamente e o tempo só fortalece nossos laços e o poder da amizade que criamos. Nossas almas são casadas e indivorciáveis. Quando soubemos da partida de Tia Cel, eu e Paty deixamos tudo o que havíamos programado para o dia 25 de abril de 2011 e focamos toda a nossa energia no sentido de irmos ficar ao lado do nosso Mel. Ele nos ligou. Sabia que podia contar conosco. Os três sabemos que a recíproca é real.
Alteramos planos, cruzamos o mar, vencemos o asfalto e aportamos em nosso Berço (não sei se será minha sepultura), Nazaré das Farinhas. Juntamo-nos ao nosso irmão choroso e sofremos com ele, e apesar da tristeza que pairava, senti-me estranhamente feliz e rico por ter essas duas pessoas em minha vida. Senti-me privilegiado por saber que quando chegar minha hora de prantear, tê-los-ei comigo. Senti-me inteiro por ter amigos que cresceram comigo e comigo ainda partilham suas dores e prazeres. Não sei se modificaria todas as metas daquele dia se fosse por uma festa. A Morte tem esse dom e será também uma comemoração quando tivermos coragem de encará-la como ela é de fato – Viagem, Passagem, Dar o zig... – Quando soubermos desvincular o amor do apego excessivo. Tino, companheiro do meu amigo, também estava conosco sofrendo junto e outros amigos também optaram por esse momento de fidelidade e solidariedade.
Tia Cel deu o zig. A Morte rondando gentilmente e a gente junto na alegria e na tristeza, na saúde e na doença... O mais engraçado é que essa Dama, apesar do poder que tem, é incapaz de separar quem realmente se ama... E como não existem coincidências, os corpos que abrigaram respectivamente as almas de Dão e Tia Cel repousam em túmulos bem próximos, na mesma ala da Mansão mais suntuosa de Nazaré das Farinhas... Até outra ronda!
Estarei com vcs em tds os momentos.
ResponderExcluir(Se Tia Cel encontrar com Dão, para juntos cozinharem, ele vai recomendar-lhe uma dieta e ela vai querer entupí-lo de feijão!!! rsrsrsrs)
Amo vc(s)!
Obrigado por você ser tão assim... "IRMÃO"
ResponderExcluirAmo vocês! Vou ver se barganho com o pessoal lá de cima pra fazer uma projeção astral e presenciar este encontro gastronômico e nada diet.(risos).
ResponderExcluirBate forte o tambor... eu quero tic tic tic tic tahh....
ResponderExcluirSaudades!!!! bjsss
Bate mesmo, Poetisa Bosso. Beijo no coração - tic tic tic tic tahh!
ResponderExcluirNossa, meu primo!!
ResponderExcluirQuase que choreii!! ahsuashua
Sua forma de escrever faz com que
agente grude os olhos no texto
e ele passe muito depressa.
ashaushau gostei do "zig" ashuasha
e essa parte aqui: "Não sei se modificaria todas as metas daquele dia se fosse por uma festa"
Tensoo!! muito lindo!
Parabéns Tone!!!! abraçooo
Te amo, Du. Somos feitos da mesma argila.
ResponderExcluirforte
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