domingo, 1 de maio de 2011

Sete Ciganos - 66




Cigano Antonio convida a todos a se hospedarem em sua tenda enorme e confortável e os cinco ficam juntos numa só habitação, dividida em quartos, por lonas.
Com o passar dos dias, o bando vai se solidificando em amizade, companheirismo e aprendizagem, principalmente com as diferenças existentes entre eles.
Embora entrem algumas vezes em discussões acaloradas, não brigam, não se zangam entre si, se dizem tudo e não vão dormir sem que tenham resolvido uma pendência entre si.

Desde a detenção após o incidente, que Túlio jura silenciosamente se vingar do cigano. Nutre tanto ódio por Antonio, porque crê que foi humilhado publicamente pelo mesmo e não pensa numa desforra qualquer. Quer mesmo é matá-lo.
Antonio e os companheiros sabem do risco que estão correndo e se protegem ao máximo. No dia 2 de fevereiro, dia da Padroeira, Sofia fica indignada:
- Por que não vamos logo embora daqui? Assusta-me vê-lo na mira desse gajão maluco, Antonio.
- Acalme-se, cigana! Tenho uma missão com esse rapaz. Não costumo sair de um lugar deixando inimigos.
- Mas ele quer matá-lo!
- Aposta o que comigo que farei dele meu amigo?
- Hum!... Um litro de vinho chileno.
- Fechado.
Ele aperta a mão da cigana:
- Melhor comprar logo meu vinho, dona Sofia.
- Isso é o que veremos.

Os ciganos vão à Lavagem da Escadaria da Igreja, contemplam a figura antológica de Dona Canô, seus filhos, amigos e parentes lhe cercando. Contemplam as baianas e seus ritos cheios de magia, mas são observados por Túlio, à distância.
As horas passam, a festa segue seu rumo e Túlio toma várias doses de cachaça na intenção de Antonio, um pouco afastado da igreja.
- Sinto uma a angústia... Um peso – comenta Sâmia – Algo ruim vai acontecer.
- Fique tranquila! – Diz Antonio – Já estou tomando minhas providências.

Alguns instantes depois, Túlio esbarra noutro homem sem querer e derruba na camisa dele sua dose de cachaça:
- Me desculpe, cabra! – Diz Túlio, embriagado.
- Desculpe, uma porra! – Fala o homem irado – Olhe o que você fez em minha camisa, seu bosta!
- Não foi de propósito, rapaz! – Justifica-se Túlio se irritando.
- E eu com isso?!
O homem dá um murro na cara de Túlio e este cai no chão
- É agora que eu entro – levanta Antonio num átimo e dirige-se ao local do conflito, atravessando a rua.
- Filho da Puta! – Xinga Túlio cuspindo sangue e sacando sua arma, apontando para seu agressor.
Este porém é mais rápido, saca a sua a atira em Túlio, baleando-o na região torácica.
Antonio voa sobre o homem e o derruba com um chute no abdome, deixando-o sem voz. Depois dá outro golpe que o deixa inconsciente e manda alguém chamar a polícia.
Volta-se para Túlio, amparando-o, que está se contorcendo de dor, chorando e sangrando:
- Vai ficar tudo bem, amigo. Não tenha medo.
Túlio olha assustado para o cigano e desmaia
Os outros ciganos já estão a postos, aguardando as orientações de Antonio.
Imediatamente, eles põem o homem no carro de Pedro e levam-no à tenda onde estão acampados.
- Não seria melhor levá-lo ao hospital? – Questiona Shalom.
- Não, irmão – responde Antonio – Ele vai ficar bem. Confie em mim.

Os ciganos colocam Túlio sobre um colchonete. Ele desperta e geme de dor.
- Preciso da Força de vocês, meus irmãos – diz Antonio – para que possamos restituir a saúde física e mental a esse moço. Quero que façam um círculo ao nosso redor, deem as mãos e pensem na cura de Túlio.
O pedido do cigano é atendido: Shalom dá a mão a Sofia, que dá a mão a Pedro, que dá a mão a Sâmia, que fecha o circulo dando a mão a Shalom.

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