quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A Arte de Celebrar

Durante muito tempo em minha vida, alimentei a crença de que só reconhecemos nossos verdadeiros amores e amigos nos momentos de dor. Hoje, como eterno aprendiz que sou, venho ampliar essa forma de ver a mim mesmo, o outro e a existência.

Certamente pela herança cultural judaico-cristã, desenvolvi essa fascinação pela dor e pelo sofrimento como forma gregária e percebo que muitos também optam por essa tendência. Como escrevi outrora em minhas reflexões sobre a morte, constato que é muito mais fácil cancelarmos qualquer compromisso, passarmos por qualquer obstáculo e despriorizarmos qualquer coisa para apoiarmos ou enterrarmos os nossos. Mas e o prazer da vida? E as coisas deliciosas? E a convivência? O deleite de jogar conversa fora, falar dos outros, falar de nós? E a celebração dos nossos sucessos, alegrias e encantamentos?

Como a cada dia sou mais ignorante e é justamente isso que me permite estar sempre aprendendo, nesse minuto quebro mais um padrão limitador e me abro para o infinito. Se ontem acreditei que meus verdadeiros amores e amigos eram aqueles que estavam comigo em maus instantes, agora creio que tais afetos são aqueles que estão comigo em qualquer circunstância, seja ela triste ou feliz.

Celebrar é preciso. É uma arte. Uma velha e sábia amiga uma vez me disse que até mesmo quando se comprava uma melancia em sua casa, era motivo de festa; outra me falou que “Se não fizermos festa, nessa vida, só faremos enterros”, que temos o dever moral de comemorarmos tanto quanto ou mais do que nos lamentarmos. Outra sapientíssima me jogou na cara, certa vez, com muita propriedade por sinal, que eu nunca estava presente nos momentos mais importantes da vida dela e dos que eu dizia que amava. Outra que é um poço de sabedoria (Oba, oba! Sou um cara rico de amigas que são verdadeiras encarnações da Deusa Sophia) me cutucou assim: “Como não sei quando vou morrer, quero aproveitar o máximo de tempo que eu puder com quem amo”.

Já que a fruta só dá no tempo e a iluminação sempre tem sua hora, chegou minha vez de deixar de ser o amigo das horas tristes e passar a ser o irmão de todas as horas. Isso não quer dizer que sairei de “déu em déu” caçando motivos de festejos numa busca desenfreada para compensar o tempo das lamentações. Isso seria por demais desgastante e falso! Vou mesmo é ficar mais ligado e me exercitar no sentido de poder estar presente, de forma inteira e leve, na vida dos meus, na minha, na de todos nós, e principalmente, tratar de rir, celebrar e gozar pois foi pra isso que eu vim. Alegria, meu povo. Sejamos felizes!

5 comentários:

  1. Foi muito bom estar no seu momento de felicidade, encontrando os irmãos, jogando conversa fora, falando besteira e mais... comi uma torta deliciosa na livraria em sua homenagem!!!!VAMOS EXALTAR A FELICIDADE!!

    ResponderExcluir
  2. Qdo proferi a 3a. frase não imaginava o impacto que causaria. Naquela época Mercinho era uma companhia constante, e vc andava imerso em seu mundinho. Falei pra ferir, hj me arrependo, pq vc é uma das pessoas que desejo não magoar nessa vida.
    Mas aprendi tbm com essas loucuras todas que nos rodeiam que amigo de verdade é aquele que se alegra pela nossa alegria. Ser solidário na dor é fácil (a dor é do outro...).
    Te amo e estarei sempre por aqui.

    ResponderExcluir
  3. Se arrependa não, meu anjo. Não fosse por essa ferida, eu não seria tão lindo como sou hoje. Te amo.

    ResponderExcluir
  4. Amor,

    Tem um selinho pra vc lá no meu blog.

    bjo

    ResponderExcluir