Já me aconselharam a não postar mais de uma vez no blog num só dia, mas o que me aconteceu merece ser imediatamente escrito e publicado. Por isso cá estou mais uma vez... É para falar mais uma vez de gatos.
Eu e Maci viemos pernoitar em casa das amigas Telma e Alvim, em Salvador. Quando saltamos do carro, ouvi miados fininhos, típicos de filhotes recém-nascidos, mas como estava um tanto cansado, preferi acreditar que eles pertenciam a alguma morada próxima e passei batido.
Mais tarde, precisei pegar o notebook no carro e o fiz. Algo, contudo, chamou-me a atenção: os miados estavam mais fortes e transmitiam uma angústia terrível. Senti que eles estavam em habitação alguma - constatei que estavam abandonados.
Atraído pelo desespero dos gatinhos, segui a direção do seu choro. Mesmo sendo um pouco surdo, nessa hora agucei meu instinto e minha parte animal me guiou exatamente ao lixo do condomínio. Lá estava uma caixa com os três ilustres (des) conhecidos. Eu os peguei e me enchi de compaixão! Os bichinhos estavam urrando de fome e de abandono. Como alguém pode ter tido tamanha frieza, deixando-os no relento?! Saí da revolta e da condenação e foquei no propósito de levá-los ao apartamento de nossas amigas, alimentá-los e confortá-los.
Alvim assustou-se quando me viu chegar com eles e correu a preparar o leite. Maci ficou profundamente comovida e juntou-se a nós para alimentar os pequenos famintos. A carência deles doía em nós e começamos a buscar soluções para encaminhar os que foram encontrados.
Como eram recém-nascidos, tinham dificuldade de tomar o leite sozinhos. Passamos a molhar as pontas dos nossos dedos na bebida e a colocá-las em suas boquinhas. Eles sugaram nossos dedos como se estes fossem tetas. Mataram esta fome, mas o calor e a presença da mãe não puderam ser supridos nem por nossos constantes carinhos.
Começamos a viver o dilema: O que fazer com os gatinhos? Nossas amigas têm uma cadela em casa chamada Lua e a mesma já estava tensa com tantos miados em seu território. Eles não poderiam ficar conosco por lá. Maci pensou em recorrermos a uma amiga que conhece uma ONG que acolhe animais abandonados. Tentamos ligar para ela e não conseguimos falar. Lembrei-me então que Zíngara, uma das gatas que vivem conosco, ainda estava amamentando seus filhotes e poderia acolhê-los também. Ventilei essa possibilidade só que havia alguns problemas: Já eram 21h30 e estávamos cansados; nossa casa fica na Linha Verde, bem longe da casa de nossas amigas; e quem poderia levar os bichanos?
Maci intuiu nosso irmão Leon. Ele é uma cara lindo que ama os seres e compreende que essa é a solução para os problemas planetários. Liguei para ele e contei-lhe a história que o deixou comovido. Ele também tem um gato chamado Xamã. Pediu-nos um tempo pois estava com a namorada, Lorena, também nossa irmã, para pensarem na melhor alternativa. Como estava impossível falarmos com Tiago, mais um mano, que estava em nossa casa, acionamos o amigo Nery para contatá-lo. Concordando com a ideia de Maci, o casal topou vir ao local onde estávamos hospedados e levar os filhotes para nosso cantinho, com nosso carro, dormirem por lá e retornarem no dia seguinte. Os pais de Lorena deixaram-nos onde estávamos e Tiago, ficou de sobreaviso para recebê-los, hospedá-los e colocar os gatinhos com "a mãe de leite" - todos centrados em prol do cuidar do ser.
A operação foi feita com sucesso. Os gatinhos agora têm um lar e eu espero que Zíngara não os rejeite. Ratifico que, apesar das corrupções inerentes ao ser humano, vale a pena acreditar em nossa espécie. Vale a pena estarmos juntos.
Estou cansado. Preciso dormir e o mais curioso é que sinto uma leveza tão grande em meu ser, que tenho a impressão de estar voando. Acolher é preciso. Servir é nobre. Amar, indispensável.
Antonio, meu santo felino, ainda bem que vcs moram numa casa que, embora pequena, tem área verde que não acaba mais!
ResponderExcluirEu não me vejo cuidando de nenhum bichinho de quatro patas, mas os admiro por isso.
bjo grande.
Valeu, meu anjo. Amo-te!
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